Texto Peta Cid
Fotos: Wigder Frota
A cidade de Juruti, no oeste do Pará, consolida o Festival das Tribos Indígenas, o Festribal, como um evento que valoriza a história e resgata em forma de espetáculo a cultura indígena. O ritual de cores, luzes, fantasias, artes cênicas, alegorias, coreografias e musicalidade regional é encenado pelas tribos Munduruku e Muirapinima no Centro Cultural Tribódromo.
O evento acontece sempre no último fim de semana do mês de julho, atraindo cerca de 20 mil pessoas. Este ano, “Resistência Indígena no Coração do Brasil” foi a proposta indicada para celebrar a 25ª edição do Festribal. A Tribo Muirapinima, das cores azul e vermelha, sagrou-se campeã com o tema “Legado indígena”, obtendo 479,6 pontos, um décimo à frente da Tribo Munduruku, que recebeu 479,5 defendendo o tema tema “Brasil, Não Silenciarás o Teu Canto Ancestral”.
Durante três horas, cada grupo mobiliza cerca de 800 participantes em vários contextos. Como nos grandes festivais da Amazônia onde a disputa é acirrada, a comissão de julgadores em Juruti é formada por profissionais dos segmentos artísticos, escolhidos em vários estados, sendo vetada a região Norte. Os notáveis atribuem notas observando quesitos técnicos e artísticos de itens como Índia guerreira, porta-estandarte, guardião tribal, galera, harmonia e evolução, canto indígena, originalidade, letra e música,
tribo coreografada, apresentador, pajé, entre outros.
O que impressiona na festa das tribos é que durante todo o espetáculo a cultura indígena é retratada em quadros inéditos, seja em forma de música, nas artes cênicas, nas alegorias ou nas danças. O modo de vida do ribeirinho da Amazônia, o jeito peculiar do caboclo, do pescador, do caçador ou do farinheiro inspiram a criatividade dos artistas que dedicam meses para o espetáculo.
Com forte influência do Festival Folclórico de Parintins, o Festribal de Juruti tem uma espécie de intercâmbio cultural com a Ilha Tupinambarana. Artistas parintinenses do segmento alegórico e de fantasias como Fernando Carivardo, Oséas Bentes, Makoy Cardoso e outros, figuram entre os que se dedicam a fazer arte tribal. Da mesma forma, talentos que hoje são itens reconhecidos nos bois de Parintins foram revelados no Festribal. É o caso do levantador de toadas do Garantido, Sebastião Júnior, da cunhã-poranga do Caprichoso, Marciele Albuquerque, e da porta-estandarte do Caprichoso, Marcela Marialva, todos ex-itens das tribos de Juruti.
Munduruku
Na apresentação deste ano, a Tribo Munduruku chamou os povos do mundo inteiro para bradar em uma só voz: Brasil, não silenciarás nosso canto ancestral, como proposta de ser a luz da resistência para guiar a luta nos tempos sombrios.
De acordo com Edwander Batista, membro da tribo, cinco séculos se passaram e a luta continua. “O nosso canto ancestral ainda ecoa nos pátios das aldeias, dentro das florestas ou nas cercanias das grandes periferias urbanas. Querem nos tornar órfãos em nossa própria Pindorama, a Mátria dos Povos Indígenas, a mesma que foi brutalmente transformada no Brasil dos caraíbas, onde sempre se tentou negar o nosso direito de ser e existir”, afirmou.
De acordo com ele, o amor à vida e à natureza são os tons sagrados que alimentam e fazem ecoar o canto ancestral diante de todo o silêncio do extermínio.
Muirapinima
A tribo Muirapinima apostou no “Legado Indígena” para a conquista do título. A proposta era chamar a atenção do Brasil para celebrar o legado dos ancestrais. Na justificativa do tema, a tribo destacou as crenças, a sabedoria milenar, as lutas e glórias, os costumes repassados de geração a geração, exaltados com cantos e danças, ao redor da fogueira. A mensagem passada foi da mãe-terra, adorada e reverenciada por todos os povos originários do Brasil que está no limite. Os ensinamentos deixados pelos grandes pajés e chefes tribais, através dos milênios, foram desperdiçados, dizimados, pela cobiça e ambição do homem branco.
Diante da realidade em que se encontram os direitos dos povos originários do Brasil e com o propósito de levantar a questão a respeito da preservação da história, a Tribo Muirapinima se apropriou do tema “ Legado Indígena” para defender o papel importantíssimo que os povos indígenas possuem na formação do povo brasileiro, através dos costumes e tradições, lendas, indumentárias e modo de vida, que permanecem entranhados no cotidiano e que incentivam a clamar pela preservação da natureza.
A festa
O Festribal tem 25 anos de história e em 2008 ganhou status de Patrimônio Cultural do Pará. No início dos anos 90, as manifestações folclóricas incluíam cordões de pássaros, quadrilhas, boi-bumbá e carimbó. Uma coreografia indígena da Tribo Munduruku, apresentada no ano de 1993, foi a inovação que faltava para que no ano seguinte, outra tribo, a Muirapinima participasse do evento.
A disputa entre as tribos começou em 1995 e hoje projeta o município para o turismo, potencializando o desenvolvimento social e econômico da cidade
Juruti é destaque na área cultural pela grandiosidade do evento, comparado aos grande festivais. Com o grande público que todos os anos participa da festa, a prefeitura monta estrutura na segurança, saúde e serviços.
Todos os anos é escolhido um tema para o Festribal com o objetivo de manter viva na memória da população a história cultura do povo.
Veja fotos do Festribal 2019 (Fotos: Wigder Frota):
Tribo Muirapinima
Tribo Munduruku
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