POR NAIRA ARAÚJO (Especial)
Cusco é o principal destino turístico do Peru e ponto de partida para conhecer Machu Picchu. Mas engana-se quem pensa que o sítio arqueológico mais famoso deixado pelos incas é a única atração espetacular da região. No entorno da antiga capital do império inca, existem vários outros sítios grandiosos. A cidade possui monumentos coloniais construídos pelos espanhóis, museus, restaurantes. E um povo simples e acolhedor, o que torna a viagem ainda mais encantadora.
Mas a primeira atitude ao chegar em Cusco é descansar da viagem cansativa e completar a aclimatação. A cidade está localizada a 3.400 metros acima do nível do mar. E muitas pessoas sentem os efeitos: dor de cabeça, dificuldade para respirar, enjoo, cansaço são os mais comuns. Tanto que os hotéis oferecem chá de coca e alguns disponibilizam até oxigênio para os hóspedes. Então, descanse e tome o chá de coca todos os dias.
O turismo em Cusco é muito bem organizado. Há a opção mais prática de contratar uma agência de turismo da cidade e não ter trabalho para organizar os passeios e comprar os ingressos para as atrações. A agência ainda oferece o guia e o transporte em vans, buscando e deixando os hóspedes nos hotéis. Essa opção é mais indicada para quem visita Cusco pela primeira vez.
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O único inconveniente é que as agências incluem nos passeios paradas para compras em centros de artesanato, lojas que vendem joias em prata. Gasta-se muito tempo nesses locais e, às vezes, o tempo para as atrações é curto. E vamos combinar que conhecer um local turístico a 3.000 metros de altitude rapidamente não é tarefa simples.
Então aqui vamos destacar os principais passeios.
Na cidade
Plaza de Armas – é o ponto inicial do roteiro turístico. Coração da antiga cidade imperial, abriga a Basílica Catedral de Cusco e a igreja da Companhia de Jesus que foram construídas pelos espanhóis literalmente em cima dos alicerces dos templos incas. As duas igrejas contam a história da colonização espanhola e guardam um acervo de arte muito rico. Aconselhável conhecê-las com um guia. As entradas são pagas. Ao redor da praça, estão bares, restaurantes e lojas de artesanato.
Museu de Arte Pré-Colombiano – dedica-se a mostrar exemplares da arte peruana das antigas culturas, como Chavín, Mochica, Huari e Inca, no período de 1250 aC a 1532 dC. Destaque para a sala com objetos de ouro e prata.
Qoricancha – Foi o templo mais importante para os incas na cidade de Cusco. Era um local sagrado, onde os incas realizavam cerimônias religiosas e rituais de oferenda ao Deus Sol. Era todo adornado com ouro e pedras preciosas. O templo foi destruído pelos espanhóis, que construíram sobre o alicerce de pedras o Convento e a Igreja de Santo Domingo.
Sacsayhuaman – Acredita-se que esse sítio arqueológico foi construído para fins militares e cerimoniais. As pedras usadas na construção são enormes, chegando a 350 toneladas, e são encaixadas perfeitamente sem uso de cimento, demonstrando a habilidade e técnica do povo inca. Como está localizada a mais de 3.500 metros de altitude, da fortaleza observa-se a cidade de Cusco e arredores. A vista é linda.
No Vale Sagrado
Ruínas de Pisac – O sítio arqueológico é um dos mais importantes do Peru. Formado por vários setores, conta também com terraços agrícolas, templos, torres, cemitério, depósitos de alimentos. A visão do vale e da cidade de Pisac é muito bonita.
Moray – É conhecido como o laboratório agrícola dos incas e revela todo o conhecimento desse povo no plantio de alimentos. A partir de uma depressão da montanha, os incas construíram terraços circulares para fazer experimentos, principalmente com a batata. Cada nível proporcionava uma temperatura diferente, adequada para o cultivo de determinado alimento.
Salineras de Maras – Na encosta de uma montanha, desde tempos pré-inca, a população local descobriu uma forma de produzir sal mesmo longe do mar. São mais de 3 mil piscinas de sal, que recebem a água das montanhas. As piscinas pertencem a famílias da própria região.
Ollantaytambo – A pequena cidade de Ollantaytambo, ou Ollanta, muitas vezes entra no roteiro dos turistas apenas como destino de passagem, já que da estação da cidade partem os trens rumo a Machu Picchu. Mas vale muito a pena gastar um pouco mais de tempo na cidade.
Localizada num vale entre duas montanhas, margeando o rio Urubamba, Ollantaytambo é a única cidade inca que nunca foi abandonada ao longo dos séculos. Sobre os antigos muros de pedra foram erguidas novas construções, mas o vilarejo conserva o planejamento hídrico original. Canais cortam a cidade com a água que desce das montanhas e abastecem a população.
E o povo ainda carrega o modo de vida simples de tempos remotos. Basta sentar no banco da praça central e observar as mulheres com as roupas coloridas, traje típico peruano, carregando as crianças nas costas dentro de um tecido.
A cidade abriga ainda a Fortaleza de Ollantaytambo, uma das obras mais impressionantes da arquitetura inca, não só pela beleza como pelo significado histórico. Foi o único lugar no Peru onde os incas venceram uma batalha contra o exército espanhol.
Assim como em outras ruínas, há também setores destinados à realização de cerimônias religiosas, agricultura e observação dos astros. Os incas elaboravam seu calendário com base nos solstícios e equinócios. O Sol (Inti na língua quéchua) era o Deus mais adorado. O dia 21 de junho, dia do solstício de inverno, era o dia mais importante do ano. Até hoje são realizadas festas populares nesse dia.
O Templo do Sol é um destaque da fortaleza. Fica localizado na parte mais alta e foi construído com seis rochas enormes, que pesam cerca de 80 toneladas cada uma. Essas rochas foram encaixadas perfeitamente, sem uso de nenhum material.
É inevitável perguntar como os incas conseguiram levar essas rochas até o local, que fica a 2.700 metros de altura, e que técnica utilizaram para o encaixe. Esses são apenas alguns dos mistérios que envolvem o povo inca e que tornam o Peru um destino tão mágico e fascinante.
Machu Picchu
A imagem panorâmica de Machu Picchu é muito conhecida, já que está sempre nos roteiros de turismo, em livros de história e cultura. E por mais que o viajante já tenha visto essa imagem, vai se surpreender ao chegar lá. A beleza e a grandiosidade da cidade perdida dos incas e da natureza ao redor formam um cenário que justifica o título de uma das 7 Maravilhas do Mundo Moderno.
Descoberta em 1911 pelo arqueólogo americano Hiram Bingham, Machu Picchu é considerada pela UNESCO um dos sítios arqueológicos mais importantes do mundo. Segundo as pesquisas, a cidade foi erguida no século XV e abandonada pelos incas após a chegada dos espanhóis ao Peru por volta de 1532.
Existem várias teorias sobre a função de Machu Picchu no império inca e ouvir as explicações sobre o local é uma das diversões do passeio. Por isso, é importante ter um guia por perto. Para chegar a Machu Picchu, há a opção de fazer as trilhas a pé para os mais aventureiros e a viagem mais tranquila de trem.
Tranquila, mas requer uma certa logística. Para aproveitar o passeio e fazer valer o ingresso, é indicado separar dois dias da viagem. No primeiro dia, o turista conhece o Vale Sagrado e chega a Ollantaytambo. De lá embarca no trem para Águas Calientes, vilarejo que é a porta de entrada para a cidade sagrada, e pernoita.
De Águas Calientes partem os ônibus até a entrada do parque, a partir das 5h30. Também é possível subir a pé. O parque abre às 6h. Os primeiros minutos de caminhada dentro de Machu Picchu são bem puxados, com muitos degraus montanha acima. Mas já conduzem a um gramado plano de onde se tem aquela vista clássica da cidade.
Depois percorre-se toda a extensão, passando pelos vários setores das ruínas. O tempo pode variar de 3 a 5 horas para conhecer tudo. Chegando cedo, pode-se fazer uma volta completa, sair do parque para descansar, fazer lanches e ir ao banheiro; e depois voltar. Com o mesmo ingresso, é possível entrar duas vezes. E na saída, não se esqueça de carimbar o passaporte com o selo de Machu Picchu.
Laguna Humantay
Destino ainda não muito explorado pelos brasileiros, é uma ótima opção para um contato mais próximo com natureza. A duração do passeio é de um dia inteiro, as agências de turismo passam nos hotéis por volta das 4h da manhã e retornam no final da tarde.
A lagoa está situada a 4.200 metros de altura, aos pés da montanha Salkantay, uma das mais altas do Peru com 6.271 metros. Está no caminho de quem faz uma das trilhas a pé para Machu Picchu. A água é transparente, com tons azulados ou esverdeados, dependendo da incidência da luz. A montanha é coberta por neve, o que confere um visual belíssimo para guardar na memória e nas muitas fotos que todos fazem por lá.
Chegar até a lagoa é uma aventura cercada por belas paisagens em todo o trajeto. O primeiro trecho de 100 km é feito entre Cusco e Mollepata. A estrada é toda asfaltada, com muitas curvas e subidas. Nesse vilarejo, há uma parada para o café da manhã e na volta, para o almoço.
Depois são 20 km de uma estrada de chão estreita, subindo montanha. Em alguns pontos, a visão dos precipícios à beira do caminho deixa o clima tenso. Mas assim que a montanha Salkantay vai surgindo à frente, a estrada se transforma num encantamento.
Após chegar na entrada do parque, é preciso caminhar 2 km até a lagoa. Apesar de curto, o trajeto é uma subida bem inclinada e a altitude dificulta ainda mais o deslocamento. É preciso ter atenção para não escorregar em alguns trechos, principalmente na parte final. Geralmente, as pessoas levam de 1h30 a 2h para subir. Mas também é possível alugar cavalos e ir mais tranquilamente. Todo o esforço vale a pena ao chegar na lagoa e contemplar a paisagem única.
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Estou curtindo cada capítulo dessa aventura. Parabéns!
Achei muito interessante esse passeio, gostaria de receber mais informações, tipo valores e datas das viagens
RESPOSTA
Somos um portal de turismo, não uma agência de viagens. Damos as dicas para você montar o seu roteiro e fazer a viagem. Nossa repórter saiu de Manaus de avião até Rio Branco (AC) e alugou carro lá. Depois seguiu para Cusco e fez os passeios indicados na matéria.